quarta-feira, 29 de junho de 2011

DISSONÂNCIAS III

Começo a ficar preocupado. Muito preocupado mesmo, porra! Desculpem-me o termo! Mas começo a pensar que a CULTURA deste país está a ir pelo cano!
Dizem-me que o país está em crise, mas ... Que culpa tem a Cultura? Num país onde investir em cultura é coisa rara, porquê vender a Antena 2? Vou ter que me limitar a escutar a Radio Nacional de España ou ver o Mezzo? Ou terei que me limitar a ouvir música culta, Jazz e "Clássica", que eu gosto só pela internet? Não me parece que este seja o caminho.
Não creio que alguém com dinheiro, muito dinheiro esteja disponível para o investir na Antena 2 e manter o formato e o nível.
Pelo contrário, não me preocupa o desaparecimento ou a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria de Estado. Porque nunca senti nem vi qualquer transformação cultural na sociedade portuguesa. Quem recebia subsídios continuou a receber subsídios ... E vai continuar a receber subsídios, talvez com menos euros, mas tudo na mesma "como a lesma".
Não bastava já a falta de políticas culturais municipais? Ou iremos ter que aguentar-nos com "Carnavais de Verão" e afins?
E que pensar da ex-Ministra da Cultura não querer receber o actual Secretário de Estado da Cultura? Penso que o país e a Cultura mereciam menos sobranceria.

domingo, 26 de junho de 2011

DISSONÂNCIAS II

Estive a ver o 2º Canal da RTP, o tal que deve ser vendido...! O que é pena pois ainda é dos poucos que vai fazendo alguma coisita pela Cultura deste País!
Vamos ao que importa.
Estive a ver, melhor, a rever um programa sobre o "SISTEMA" na Venezuela, país desse magnífico director de orquestra, Gustavo Dudamel Ramirez, também ele saído do "SISTEMA".
Mas o que é o "SISTEMA"? O sistema é um movimento humanitário, cultural e social para a inclusão! Mas como? É simples, através da MÚSICA E DO ENSINO DESTA!
para quem quiser saber mais, deixo aqui o link : http://www.fesnojiv.gob.ve/
É certo que continuo fascinado pelo "SISTEMA", não porque seja o sistema em si, transcendental, mas porque o empenhamento das classe mais desfavorecidas na "instrução" dos seus filhos, leva a empurrar para a escola os seus educandos.
A Música não é só diversão, mas lá, na Venezuela, pelo que li e vi, a instrução dá educação por e pela Música. e OS MIÚDOS GOSTAM!!!!!
Tudo isto se deve a um sonhador, um semeador de ilusões, fazedor de sonhos e de realidades: José Antonio Abreu Anselmi, venezuelano, criador e fundador do Sistema Nacional das Orquestra Juvenis e Infantis da Venezuela.
Este "SISTEMA" já foi implementado nos USA, dando origem a uma formação orquestral.
Quem estuda música e faz música de conjunto, sabe que todos os outros são tão importantes quanto ele. Tocar numa orquestra, numa banda ou num grupo de música de câmara, é aprender a partilhar, a aceitar e, fundamentalmente a dar sem receber nada em troca! É também saber qual o seu lugar e o seu papel em relação a um universo complexo, como o da música de conjunto. Porque se tu tocas mal, todo o grupo ou orquestra toca mal, mas se tu tocas bem, podes levar os outros a tocar ainda melhor. A isto chama-se entreajuda, colaboração com o próximo. É dar sentido à própria vida e à dos outros.
Posso afirmar que, quem estuda música a sério, (e isto é muito importante e fundamental), tornar-se-á melhor cidadão, promoverá o desenvolvimento cultural, social e económico do seu bairro, vila ou cidade, tal como acontece na Venezuela e noutros países.
Se nós continuarmos a comprar PS3, computadores e jogos de última geração aos nossos filhos, jamais eles saberão dar o real valor e a lutar contra as dificuldades da vida.
Se o "SISTEMA" poderia ser implementado em Portugal? Claro que sim, mas as mentalidades dos nossos políticos e governantes teria que mudar e muito!

domingo, 19 de junho de 2011

Dissonâncias I

O maestro António Vitorino de Almeida esteve em Campo Maior.
Apesar da muita insistência da Câmara Municipal, decidi não comparecer, apesar de eu admirar e muito o maestro. Porquê? Porque não é assim que se faz Cultura.
Este tipo de eventos só é válido quando inseridos numa sequência cultural que em Campo Maior nunca existiu, não existe e duvido que alguma vez venha a existir. E a explicação é muito simples: não há uma política cultural para Campo Maior!
Há p’ra aí umas actividades pretensamente culturais, mas cultura nenhuma.
E agora pergunto eu. O maestro veio de graça? O piano foi emprestado? Quanto custou esta “brincadeira” ao erário público? Porque eu sei qual o “cachet” normal do maestro, ainda por cima com uma cantora.
E se não há dinheiro para associações culturais, como é que houve dinheiro para esta actividade?
Só mais uma pergunta: onde e quando se fundará a ESCOLA DE MÚSICA? Campo Maior merece muito mais da parte do município e de quem o dirige.