quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Trabalhos compositivos e Vox Laci

Já há algum tempo em que não escrevo no meu blogue - eu escrevo à portuguesa, ainda! A culpa, como sempre é dos outros, ou seja, dos meus "trabalhos compositivos" e alguma, diria que bastante, preguiça!
A respeito dos meus últimos trabalhos compositivos, ou das minhas composições se preferirem, terminei um ciclo de três canções dedicadas ao nosso ilustre e grandessíssimo poeta, Luís Vaz de Camões: "Descalça vai para a fonte", "Perdigão perdeu a pena" e "Verdes são os campos".
Realmente, é caso para dizer: quem sabe, sabe. O "Luisinho" sabia mesmo aquilo que fazia. Adorei relê-lo. Já lá iam uns anitos, mais de trinta, que não olhava para os poemas do "Luisinho". Como se diz agora, "um espectáculo!"
Recebi hoje um "mail" que passo a transcrever pela importância do seu conteúdo, assinado pelo maestro Myguel Santos e Castro, director do Coro de S. Domingos de Rana. Não poderia estar mais de acordo. Aqui vai. Acho que alguém o poderia fazer chegar à ministra e seus pares. Só lhe fazia bem. Pode ser que se iluminem e isto vá para a frente, como o desejam todos os professores.

Vox Laci ...a voz do lago
Coro de S.Domingos de Rana
Assunto: #32 Palavra de Maestro "Não há segredos: trabalho!"


Em todos os grupos, turmas de escola, equipas no desporto, famílias, coros, locais de trabalho existem sempre dois grupos. Por mais coeso e forte seja um grupo, existem sempre dois grupos: um encontra-se à frente do outro, mesmo que a diferença seja mínima. Dentro desses grupos as pessoas vão mudando de um grupo para o outro. Normalmente no grupo A são pessoas que se sentem totalmente integradas no meio social e função que desempenham; no grupo B pessoas que entraram há menos tempo que no grupo A e que necessitam de tempo para ganharem o seu espaço. Também podemos ter no grupo B pessoas que já tiveram tempo para estar no grupo A mas, por razões que devem ser analisadas individualmente, ainda não fizeram o tal “clique”.
Há só um Ronaldo, Bill Gates, Belmiro,Dudamel, Marcelo. Chamo-os de lebres, pois estão sempre na frente, difícil de acompanhar o seu ritmo e capacidades. São pessoas que não só se destacam no meio onde estão inseridos pelo trabalho desenvolvido como o resultado do seu trabalho é extrapolado para além fronteiras. Porquê que se destacam? Não há segredos. Trabalharam muito e não param de querer evoluir, não se contentam com o que já atingiram, estão constantemente a querer mais e melhor.Também não é segredo: continuam a trabalhar.
Num coro também há lebres. O ideal seria que todos os quatro naipes tivessem lebres, ou seja, coristas que puxam pelos seus colegas. Há que aceitar com naturalidade estas lebres, sem contornar o óbvio. A selecção portuguesa é a mesma sem Deco? Se numa determinada altura um aluno não é a lebre, mas tem como objectivo ser, quando alcança esse “estatuto” pode escolher uma de duas vias: fica contente por ser lebre e trabalha para se manter assim; fica aborrecido pois está à frente e tem que “puxar” os que estão atrás. Talvez seja altura de mudar de grupo ou talvez seja tempo para esperar pelo grupo que vem atrás. Talvez apenas pense que é uma lebre, mas não o é.
O trabalho de um professor, um maestro de um coro, é estar atento e criar métodos de trabalho de encorajamento para quem está à frente e quem não está. Um grupo faz-se com quem está ainda atrás e quer chegar à frente com o grupo. Uma lebre não é grupo, é uma lebre só.
Ficamos abismados com os 20´s dos melhores alunos, os impérios económicos de alguns, os salários milionários de poucos, a perfeição de execução de obras sejam com coros amadores ou profissionais e poderemos ser induzidos a pensar que são dotados e que já nasceram assim. Não é verdade! Tal como não é segredo que quem não joga, nunca ganhará o Euromilhões, também nos coros não há segredos: trabalho!

Com os melhores cumprimentos.o maestro,
Myguel Santos e Castro
http://www.voxlaci.com/

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