sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cultura e Património I

Hoje vou voltar à escrita. Tenho andado com algum, diria que muito, trabalho. Mais o meu trabalho pessoal, como compositor e arranjador. Há fases em que me custa mais escrever música. Sim que eu não sou um compositor "normal", muito menos "vulgar". (Entenda-se aqui o normal e vulgar como a forma como eu componho, escrevendo em papel pautado e quase sempre sem tocar). E nem sempre tudo o que escrevo me serve para o que estou a tentar compor. Mas não se deita fora. Há-de servir para outra obra. Tudo o que "componho" tem um objectivo artístico. Porque eu só entendo a música como ARTE!
Ofereceram-me dois livros de duas poetisas portuguesas! Que alegria! Logo DOIS LIVROS! E DE POESIA! Um foi da minha querida amiga Glória de Sant'Anna. TRINADO PARA A NOITE QUE AVANÇA:Foi a sua última edição. Já o li! Vou relê-lo! Outra vez! O outro foi de uma nóvel poetisa Leiriense, Sandra Isabel Amaro! Uma grata surpresa! Chamou-lhe "(E)ternamente". Musiquei um poema, "SAUDADE". Porque saudade é uma obra minha muita querida para mim. Não pelo título, mas pelo que representa para mim! Foi com esta obra que levei o primeiro banho de aplausos,(creio que à volta de 10 minutos consecutivos), como compositor. E, também, porque teve de ser tocada duas vezes. Foi com esta obra que me convenci que até tinha algum jeito para isto da "escritura musical". Mas não estou convencido de todo! O tempo, os meus amigos e o público me dirão.
Voltando aos livros. É bom ler! Principalmente de gente amiga. Que também está no mundo como eu para fazer "coisas"! Que "coisas"? Sei lá! Talvez escrever, pintar, compor, desenhar, plantar, cozinhar e, talvez o mais importante, pensar e inovar! É preciso reinventar todos os dias! Senão isto é uma "chatice"!
Ontem fiz uma "coisa" que nunca tinha feito: participar num debate sobre Cultura e Património, organizado por um partido político. Devo confessar que aceitei o convite um pouco contrariado, talvez constrangido seja mais correcto. Porquê? Porque EU NÃO SOU POLÍTICO! SOU MÚSICO, COMPOSITOR E DIRECTOR DE ORQUESTRA! E também acho que os políticos têm muito poucas ideias e são extremamente limitados! Mas tudo bem. Aceitei. Estavam lá os meus amigos doutores Francisco Galego e António Cachola. Cada um de nós comentando do que pensa saber. Eu falei da política musical deste país e deste concelho. A minha opinião mantém-se. Aliás, já o escrevi aqui: em Portugal NÃO HÁ CULTURA! Enquanto não houver um trabalho de base, ou seja, enquanto não se criarem escolas, academias ou lá o que lhe quiserem chamar, NÃO HÁ CULTURA! O que há são umas actividadezecas mais ou menos culturais ou pretensamente culturais que, num futuro não muito longínquo deixarão de existir. Porquê? Porque NÃO HÁ CULTURA e os orçamentos são cada vez mais reduzidos! E até podem fazer ATL's, ou lá como se chamam, e outras aberrações copiadas não sei de onde! E se não há cultura em Portugal, Campo Maior não é excepção. Nem tão pouco Elvas, Arronches ou mesmo Portalegre! Onde se está a introduzir no dia a dia dos portugueses a cultura é em Évora! Mas vai muito lenta! Quase a "passo de caracol"! Mas isto é uma realidade! Mas já eu gostava que Campo Maior tivesse metade do nível cultural e patrimonial de Évora! Há que pensar em GRANDE! Quem pensa em pequeno, nada faz.
Posso afirmar e confirmar tudo o que acabo de citar com um exemplo espanhol que me é mais ou menos próximo, pois estive quase para ser director artístico e titular da "Orquesta de la Extremadura". Esta orquestra, que até toca umas coisas muito interessantes, não é ainda um centro de cultura. Porquê? Porque não tem tempo de existência suficiente para ser reconhecida como um polo cultural da Extremadura. Pelo que sei, nem todos os "extremeños" a sentem como deles. Será pelo estilo de música que tocam? Não! Porque ainda não chegaram ao "coração" de todos. Apesar de todos os esforços políticos e dos milhões de euros gastos! E, também, porque não tem muito poucos músicos "extremeños".
Então, pergunto:
  1. Que fazer?
  2. Que alterar?
Voltarei. Podem estar seguros, à carga com este tema. E com novidades, (e que novidades!), da Ad Septem Ars!

2 comentários:

  1. Caro Vasco,

    Pois parece que o Estio não tem sido muito caloroso, mas parece-me que o Outono será. Será porque mais uma vez vai Campo Maior andar dividido entre "beltranos" e "cicranos".

    Diz que ontem foi constragido ao debate porque não é político. Mas eu digo que foi constragido porque sabe que na nossa politiquinha pode ser prejudicado pois vão pensar que está a apoiar o A ou o B. Você foi lá expor ideias de uma forma independente de partidos porque o seu partido é a música e a cultura.

    Espero por essas novidades da Ad Septem Ars. Oxalá me saisse o Euromilhões e receberia a AdSeptem Ars um donativo (anónimo) para podermos desfrutar de verdadeira cultura sem amarras nem mordaças.

    ResponderEliminar
  2. Li com atenção o seu texto e gostei do que li,
    sobre o que os politicos querem dos artistas. São todos, mas todos iguais.O que os partidos querem nestas ocasiões são nomes de pessoas que lhe possam garantir votos. Depois logo se vê. Por mais volta que lhe dêm, ninguem faz nada pela terra se não tiver em vista um retorno. Uns apresentam a "Cupa no dedo" e outros têm o excluisvo do "Balde da Agua Fria".Assiti aos seus eventos musicais, não sendo eu musico, nem sequer ter grande sentido musical, gosto de ouvir e tentar perceber o que me querem dar a conhecer. Nesta sociedade do "fácil", a tarefa da sua Associação vai ser dantesca. Só por graça e, como exemplo, no concerto realizado no convento, tinha duas pessoas sentadas na minha ractaguarda e, enquanto eu tentava estar atento, as ditas senhoras falaram durante todo o concerto de culinária, fiquei a saber qual foi o almoço da familia, e o gosto de cada um dos filhos e netos. Sobre o concerto apenas uma delas comentou "eu não percebo nada do que estão a dizer". Cantava-se uma peça em francês salvo erro do sec. XVII que o senhor previamente explicou.

    ResponderEliminar