sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

História Real dos Músicos de Verdade II

Aos escondidos
Ou vocês dão a cara ou nunca mais vos contesto!
Isto é muito simples de entender. Deixo-vos aqui o meu exemplo.
Eu próprio, que só estudei, mais coisa menos coisa, em redor de uns simples vinte (20) anîtos nos conservatórios e outros estabelecimentos similiares e masterclasses: 6 anos de solfejo, 10 de piano, 4 de canto, 4 de harmonia, 2 de contraponto, 1 de fuga, 2 de coro, 2 de música de câmara, 3 de história da música,da cultura e estética, 4 de composição e intrumentação, 3 de direcção de orquestra, 2 de improvisação e transporte e 3 de canto gregoriano. É claro que os seis anos de piano foram em simultâneo com o piano, coro e 2 de harmonia. Para estudar direcção de orquestra e canto gregoriano só o pude fazer depois de acabar os 4 anos de composição que eu fiz em 3 anos.
Agora não me venham dizer que só porque alguns sabem fazer uns acordes na guitarra e até conseguem inventar uma melodia somos iguais. Porque o que se trata aqui é de viver para a música e não da música, de arte e não de negócio puro, ainda que para tocarmos bem tenhamos que ser pagos.
Imaginem que chega alguém e vos pede um comprimido para a dor de cabeça. Isto faz de vocês médicos? NÂO! Nem enfermeiros!
O facto de eu escrever para os jornais e aqui, não faz de mim um jornalista ou escritor. Perguntem ao senhor Mário Crespo porque é que ele disse que "editei um livro de crónicas" e não "escrevi um livro"?
Se eu pintar um quadro, fará de mim um pintor? Ou escrever um livro fará de mim um escritor? Creio que não.
Porque isto de se dedicar à música seriamente tem que se lhe diga. Não basta sentar-se ao piano, ou abrir a boca e cantar. Como dirigir uma orquestra não basta mexer os braços. Há regras e leis musicais e gestuais. E tudo isto leva anos a estudar-se e a aprender.
A música é uma linguagem que tem a sua própria gramática e sintaxe, que usa símbolos próprios, tal como a matemática, a linguagem verbal ou visual.
Porque isto de inventar uma melodia até é fácil, pois o meu pai que tem 87 anos inventou uma e não sabe nada de música e não é nem nunca foi músico.
Agora há o outro lado da moeda. Os que não sabendo música vivem dela e gravam discos ou Cd's ou lá como se chamam essas coisas. Para esses, e são tão importantes e válidos na sociedade, os americanos têm uma expressão calificativa muito boa, "entertainer". Os outros, são "músicos".
Para terminar, deixo-vos esta pergunta (que só responderei se derem a cara) e um conselho.
Pergunta - Quem é o verdadeiro artista, o escultor que cria uma escultura em ferro ou o ferreiro que molda o ferro criando uma escultura?
Conselho - Este foi-me dado por um dos meus melhores professores e grande amigo, D. Carmelo Solis: Só falar do que se sabe!

1 comentário:

  1. Olá amigo Vasco,
    aqui vai a minha resposta:
    Se a arte fosse só técnica, tanto o escultor como o ferreiro poderiam ser artistas. Mas o verdadeiro será aquele que transmitirá algo da sua alma à sua obra. Assim, tal como a árvore é apreciada pelo seu fruto, o artista é reconhecido pela sua obra e não pelo seu domínio técnico.

    Outra coisa, se o pessoal só falasse daquilo que sabe, andaria por ai muita gente muda. E isso seria uma grande chatice :)

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